sábado, 18 de junho de 2016

Zuzu Angel: vida que permanece

Descrição para cegos: a foto mostra Zuzu Angel sentada numa mesa de centro com revistas ao seu redor.

Por Samara Mello

No dia 5 de junho, Zuzu Angel completaria 95 anos. Estilista e mãe, foi uma mulher com uma força e coragem singular. Nascida em Curvelo, Minas Gerais, mudou-se ainda criança para Belo Horizonte e lá começou os seus passos na costura criando roupas para as primas. Na juventude morou na Bahia, de onde carregou as cores e vibrações para suas criações. Depois de alguns anos, instalou-se no Rio de Janeiro com o marido e o primeiro filho, Stuart, e investiu tudo que podia em uma loja de roupas em Ipanema. Zuzu colocava em suas roupas elementos tradicionais da cultura brasileira e de seu folclore, como as rendas, chitas e estampas com imagens que remetiam à fauna brasileira.


        Com muito trabalho e a influência de amigos, sua grife começou a fazer sucesso em meados da década de 1960, mesmo período do início do regime militar e do engajamento do seu filho, Stuart Angel, no movimento estudantil.
Enquanto ela ganhava prestígio no mundo da moda, Stuart se apaixonava e lutava pelos ideais socialistas e pelo fim da ditadura militar que tomava conta do país.
Em abril de 1971, Stuart, que era filiado ao MR-8, foi preso, torturado e morto no Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa) no Aeroporto do Galeão e dado como desaparecido pelas autoridades. A partir daí, Zuzu uniu todas as forças que tinha para agir contra o regime militar e recuperar seu filho.
Usando o prestígio nacional e internacional conquistado no universo da moda, levou seu protesto contra a ditadura e pela procura do corpo do seu filho a jornais e pessoas influentes nos EUA. O caso foi abordado inclusive no senado dos EUA em discurso do senador Edward Kennedy.
Apesar de toda dedicação e força na busca pelo corpo de Stuart, ele nunca foi encontrado.
A busca de Zuzu Angel cessou em 14 de abril de 1976, quando um acidente de carro no Rio de Janeiro, acontecido sob circunstâncias duvidosas, acabou com sua vida.
Em 2007, a Comissão Nacional da Verdade confirmou que este acidente havia sido causado em circunstâncias não naturais e conseguiu duas testemunhas oculares que viram o carro dela ser fechado por um outro carro e jogado para fora da pista.
Hoje a memória de Zuzu continua viva no Instituto Zuzu Angel de Moda, criado por sua filha, a jornalista Hildegard Angel, e vive em tantas músicas, livros e filmes dedicados à sua memória.


Nenhum comentário:

Postar um comentário