terça-feira, 8 de novembro de 2016

Antonio Benetazzo: arte tirada da clandestinidade

Descrição para cegos: a imagem é uma  pintura de Antonio Benetazzo que mostra um homem visto de frente fumando um cigarro.

Por Bianca Patrícia

Antonio Benetazzo foi um artista plástico e militante político que atuou com empenho durante a ditadura militar. Ativista do Partido Comunista Brasileiro, desde cedo, em sua vida acadêmica, mostrou-se muito engajado na atuação em movimentos estudantis e na política do país. Tal engajamento o fez, junto a companheiros de luta, criar o Molipo – Movimento de Libertação Popular – uma organização revolucionária guerrilheira que pode ter sido o principal motivo para o seu assassinato pelos militares em 1972.

Tendo cursado Arquitetura e Filosofia, Benetazzo também se dedicou ao cinema, participando como ator e cenógrafo em produções brasileiras. Além disso, fez parte da publicação alternativa O Amanhã, nascida durante a ditadura. Contudo, a sua grande paixão era a pintura. Passou por diversos estilos e é o responsável pela primeira capa do livro O Morto que Morreu de Rir de Mário Prata, publicado em 1969. O artista sofreu, assim como várias outras expressões culturais da época, um ocultamento histórico devido à violência de Estado, o que privou toda a sociedade do acesso das suas obras.
Numa iniciativa da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, diversas obras de Antonio que se encontravam preservadas por seus amigos e familiares foram reunidas, formando a preciosa exposição intitulada Antonio Benetazzo, Permanências Sensíveis. Composta por 90 peças, a exibição dispõe do maior número de obras do artista já encontradas e, junto a elas, foi publicado um livro e o documentário Entre Imagens (intervalos), sobre a sua vida e trabalho artístico.
A união e apresentação dessa coletânea cumpre o importante papel da reparação histórica e permite a inserção deste grande nome na História da Arte brasileira. Através dela e da biografia de Antonio como um todo, as memórias daqueles tempos sombrios são reavivadas para impossibilitar que elas voltem a ser a realidade do país.
Veja o teaser do documentário sobre Antonio Benetazzo aqui:

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